Artista contemporânea paulista pertencente a Geração 80, Leda Catunda (1961) tem a pintura como meio expressivo. A artista trabalha sobre suportes não convencionais como tecidos estampados, tule, veludos, lona, couro, fórmica, colchão, meias entre outros.
Paisagem com lago, 1984 acrílica sobre colchão
Onça pintada I, 1984 acrílica sobre cobertor
Xica, a gata/Jonas, o gato, 1984 acrílica sobre pelo artificial e luz
Jardim das vacas, 1988 acrílica sobre couro e tela
Em suas obras, Leda Catunda se relaciona com diferentes materiais e suportes e, com as imagens e estampas já existentes neles. Com as imagens preexistentes, a artista pinta de forma a evidenciá-las ou encobri-las. Ao criar uma nova relação com essas imagens "prontas" (como define a artista), Leda Catunda muda a forma de olharmos para elas, denunciando imagens estereotipadas presentes em nosso cotidiano.
Vedação verde, 1983 acrílica sobre flanela
detalhe Vedação verde
Camisetas, 1989 acrílica sobre camisetas
Além desta pesquisa de suportes diferenciados, Leda Catunda também trabalha com relevos. Com motivos simples como luas, insetos, gotas, partes do corpo como a barriga, ela cria obras que oscilam entre a pintura e o objeto. Nestas obras, a artista desenvolve o conceito de "pintura mole", referindo-se a maciez existentes nestes relevos.
Capa, 1996 acrílica sobre tela e tecido
Besouro, 1994 acrílica sobre tela e couro
Bicho, 2000 acrílica sobre tela e espuma
Partindo destes aspectos, percebeu-se na poética de Leda Catunda um terrenos fértil e próximo à linguagem das crianças para se trabalhar conteúdos pertencentes às artes visuais. Foram realizadas diversas atividades com as crianças de 5/6 anos que serão, aos poucos, colocadas no blog.
Dentre os materiais selecionados para a realização dos trabalhos houve diversos tipos de tecidos como jeans, veludo, malha, tricolines estampados, voil, rendas, tules etc, espuma, imagens "prontas" de revista e jornais, tinta acrílica e papel camurça. Instigados pela poética da artista, este materiais foram pensados por oferecer uma experiência diferente e caminhos para que a criança possa entrar em contato com a produção artística contemporânea.
"(...) A originalidade de Leda está em seus materiais, em sua postura e em seu fazer. Ela pinta sobre suportes absolutamente não convencionais, muitas vezes aproveitando imagens neles preexistentes. (...) em vez de telas, há uma barraca de praia, o couro de poltronas desmontadas, toalhas de banho, edredons, rendões, cabeleiras postiças e até babadinhos de capa de liquidificador, transformados em telhados de casinhas, onde luzes se acendem. Um dos trabalhos mais provocativos é o das cabeleiras. Uma composição em negro, dramática, algo mórbido. Resulta de uma viagem da artista ao Japãp e reproduz - com absoluta liberdade - o clima claustrofóbico das multidões do metrô de Tóquio. A figuração de Leda, que confessa não saber desenhar uma pessoa, é assumidamente meio canhestra, a não ser quando ela aproveita para colorir desenhos já estampados. Deve-se ler essa pintura com olhos de 1987, entendendo a arte como uma ideia vigorosa e pessoal, cuja força conta mais que a execução e a 'cozinha' da técnica. (...)"
Olívio Tavares Araújo
Paisagem da estrada, 1987 acrílica sobre tela, plástico e tecido
Ao final de todo o processo, tivemos a felicidade de receber uma visita da Leda Catunda à nossa escola. As crianças puderam fazer perguntas, entender sobre o seu processo artístico e, principalmente, conhecer a artista que, segundo elas, 'está viva'!
Leda se mostrou uma pessoa divertida, alegre e espontânea. Conversou com as crianças de maneira leve e solta, o que atraiu bastante atenção dos pequenos.
E, nesta visita, a artista deixou claro que o melhor da pintura é a sua liberdade.
Para saber mais sobre a Geração 80, acesse o link sobre a artista Adriana Varejão