sexta-feira, 28 de abril de 2017

A arte contemporânea como uma possibilidade de escuta das expressões das crianças

O texto abaixo é um artigo do site Comkids que fala de maneira muito clara e interessante o porque se trabalhar arte contemporânea com crianças pequenas. Tendo a mesma linha de pensamento das ideias e atividades propostas por este blog, achei interessante postar o texto na íntegra aqui.

Boa leitura, reflexão e ação a todos!


As crianças de zero a três anos em suas aprendizagens são movidas pela percepção sensorial, pelo movimento e por uma necessidade de participação. Elas estão centradas em seu processo de produção e criação de brincadeiras. Esse é o mesmo movimento que muitos artistas contemporâneos têm buscado em seus modos de fazer arte. Podemos dizer que existe, entre a poética da criança pequena e os modos de fazer da Arte Contemporânea, uma similaridade de temáticas e de procedimentos que permitem uma conexão entre as experiências das crianças e os assuntos, temas, processos, produtos, performances e intervenções entre outros, que muitos artistas contemporâneos trazem em seus trabalhos. A possibilidade dos professores conhecerem a Arte produzida hoje é uma possibilidade significativa de ampliação dos campos de experimentação e sentidos das crianças. É nesse sentido que podemos dizer sobre a existência de um diálogo entre a produção realizada no agora e os saberes e fazeres das crianças.

É nesse sentido que o contato dos professores com a Arte Contemporânea, num contexto formativo dá visibilidade às construções das crianças. Podemos citar, por exemplo, a ênfase dada ao corpo como suporte e meio na arte atual e a necessidade da gestualidade, movimento e ação no contexto da aprendizagem infantil. Provocar diálogos entre as crianças e artistas como Hélio Oiticica, Ligia Clark, Olafur Eliasson, Antony Gormley e Amélia de Toledo entre outros, poderia vir a ser uma criação de espaços-tempos para instigar e inspirar as professoras para pensar sobre seu ambiente, as relações, o cuidado e, sobretudo, a autonomia a ser construída com as crianças.Essa interface entre Arte Contemporânea e as crianças pequenas foi o que originou o Projeto Conexões [1] que criou um contexto interessante para a formação dos professores; partindo de um olhar para os saberes das crianças para buscar compreender como esses artistas poderiam ampliar os campos de experiências em que as crianças estavam agindo.
Um aspecto importante é que, nesse cenário, o professor se torna um pesquisador, que vivência uma pesquisa e intervenção pautada num olhar sobre a criança. Tanto ele, quanto a criança estão envolvidos numa busca de sentidos. Para apoiar o professor na investigação de sua prática, partimos da elaboração de sequências didáticas (uma série de atividades que são construídas partindo das hipóteses iniciais do professor a respeito de como essas ações podem criar campos de experiência ampliados com as crianças). Na construção desse processo o professor, assume o lugar de quem reflete antes da ação, durante a realização das sequências e após a realização deste trabalho, construindo uma sistemática de observação e acompanhamento, documentada e constantemente retomada. A inserção artística dos professores, as visitas aos Museus e a ênfase em experiências estéticas vividas alargou as percepções e ampliou culturalmente as atividades criando diálogos com as crianças. Essa é uma forma de construir conhecimentos e de aprender a tomar decisões, questão central na prática educativa. Dessa maneira as situações formativas propiciaram que o conhecimento criasse sentido para os professores e para as crianças, pois está inserido na dimensão das percepções, sentimentos e sentidos em contextos históricos – sociais nos quais educação, cultura e sociedade interagem criando novas relações e saberes.
[1] Projeto de Formação de Professores realizado em 14 creches da Região Sul da Cidade de São Paulo. Realizado pelo Instituto Avisa lá, CENPEC, IMPAES de 2013 a 2016, com a participação das formadoras: Cinthia Manzano e Mariana Americano
Denise Nalini é Consultora em Arte, Educação Infantil e Cultura.

Texto original em: http://comkids.com.br/a-arte-contemporanea-como-uma-possibilidade-de-escuta-das-expressoes-das-criancas/

Muitas ideias e atividades sobre os artista que foram citados neste artigo, se encontram neste blog :)


quinta-feira, 20 de abril de 2017

Oficina para bebês: Possibilidades da Bexiga

A bexiga exerce um verdadeiro fascínio nas crianças. Elas gostam de vê-las encher, brincar e até mesmo estourar. Mas, quando pensamos em bexigas, pensamos em festa. Tentei assim investigar as possibilidades da bexiga, oferecendo diferentes formas de brincadeiras e explorações com o uso deste material. E tentei também, retirar o universo de festa infantil que ela contém. Novamente, organizei o espaço para que as crianças pudessem se deslocar livremente e brincar com tal materialidade.

E assim ficou a oficina.


Bexigas penduradas para empurrar, bexigas grudadas na parede para extrair sua sonoridade, bexigas cheias com gás hélio para voar, uma caixa cheia de bexigas para entrar, uma vasilha com bexigas preenchidas com sementes, bolinhas de gude, farinha entre outros para sentir, bexigas soltas para brincar.





















A ideia da caixa de bexigas eu tirei de uma obra da Lygia Clark que ficou em exposição na Pinacoteca do Estado de São Paulo há alguns anos atrás. A obra era um túnel preenchido de bexigas para atravessar. A sensação desse "atravessamento" foi incrível, e tentei recriá-lo de forma que os bebês pudessem experimentar. Pena que não tenho nenhuma imagem desta obra da Lygia Clark. De qualquer forma, a caixa foi um sucesso! E a oficina, bem animada!!


terça-feira, 18 de abril de 2017

Oficina para bebês: Bolas, Bolinhas Bolões

Pensando na diversidade de experiências que podemos oferecer aos bebês, criei a oficina "Bolas, Bolinhas, Bolões".




Meu intuito era que as criança pudessem brincar com a forma circular de muitas maneiras, ampliando assim seu repertório visual e de brincadeiras. A organização da sala foi fundamental para que a crianças circulassem com liberdade pelas "bolas" oferecidas.


                                      Bolinhas de gel para mexer


Bolas de gude dentro de bexigas para fazer barulho

                          Bolas penduradas para empurrar

                              Bolinhas diversas para brincar

            Uma grande bola para sentar, pular e rolar

Além de lúdico, insere-se também o conceito BOLA! É uma de infinitas formas de propiciar momentos de exploração, investigação e criação para os pequenos. 











quinta-feira, 13 de março de 2014

Saquinhos Relacionais


Foi inspirado nos Objetos Relacionais da artista Lygia Clark, que foram criados os Saquinhos Relacionais. 

Nos Objetos Relacionais, a artista oferece sacos plásticos cheios de sementes, ar ou água, ou meias-calça contendo bolas, pedras e conchas, para que o público crie relações com os objetos por meio de sua textura, peso, tamanho, temperatura, sonoridade ou movimento (ver Lygia Clark)

Os Saquinhos Relacionais portanto configuram uma atividade investigativa e exploratória de texturas e sons, sendo realizada com crianças de 2 a 3 anos. 


      Os saquinhos foram preenchidos com gel de cabelo, água e conchinhas, água e farinha, farinha e alpiste. 

      O saquinho com água e conchinhas tende a ter uma vida mais curta, pois estoura mais facilmente. Também é preciso ficar atento para o que contém gel, pois pode estourar, e, na pior das hipóteses, alguma criança ingerir.

      Mas, mesmo com tais precauções, acredito que a atividade valha a pena. As crianças se encantam com as conchinhas e adoram mexer com o gel. De longe são os prediletos!







      Além destes saquinhos de plástico, também ofereci às crianças meias-calças com miçangas (o que conferiu sonoridade à atividade juntamente com o saquinho de conchinhas que simula um barulhinho de mar), meias-calças com uma bola de tênis (induzindo ao movimento) e bexigas preenchidas com massinha de modelar (ótimas para apertar com força).





      Disponibilizei todos os materiais em cima da mesa e, com grande admiração, constatei o quanto essas pequenas crianças conseguem se organizar para experimentar todos os materiais. Importante também foi perceber que o tempo de cada um com cada material foi respeitado, gerando uma experiência sensória completa!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ditado da História em Desenho

Adoro esta atividade. Já fiz com crianças de 5 a 8 anos e, em todos esses grupos, a resposta foi muito positiva.

A ideia é simples: munidas com uma folha de sulfite e um lápis grafite, as crianças desenham enquanto ouvem a narrativa de uma história contada pelo professor. O desenho e a história devem caminhar juntos. Logo, é importante se demorar um pouco durante a narrativa para que todos possam desenhá-la. Quando o papel da criança acabar, o professor cola outra folha de sulfite de forma a continuar àquela em que a criança estava desenhando. O número de folhas a serem acrescentadas varia de acordo com o tamanho da história e com o traço de cada criança ao desenhar.







Ao final temo o ditado do desenho da história.



Essa é a proposta geral. Mas acredito que ela vá bem mais longe do que um desenho com adição de folhas.

Em uma atividade como esta, o professor, além de estimular o desenho, pode incitar a imaginação de cada um. Por meio da história, o professor pode inventar enredos fora do comum, cenários estranhos e personagens diferentes. O professor pode descrever com detalhes o que cada um desses elementos poderia conter. Alguns podem pensar que isso direcionaria demais a produção dos pequenos, mas o fato é que dificilmente eles seguem fielmente a descrição dada pelo professor. O mais comum é um despertar da imaginação. Se o professor descreve um mostro com um olho e antenas gigantes, logo uma criança acrescenta que o dela terá três cabeças e garras enormes, uma outra diz que ele será manchado e assim por diante. O importante é o professor manter este grau de liberdade, tendo em mente que o ditado da história é somente uma forma de ampliar as possibilidades de desenhos de cada criança. É um ótimo recurso para que elas variem seu repertório gráfico.

Pela minha experiência com esta atividade, as crianças se envolveram bastante e gostaram de mostrar aos amigos seus desenhos.

O fato de se adicionar folhas também serve como estímulo à atividade. Eles se surpreendem com a quantidade de folhas que usaram. E, a forma de colá-las, pode variar, criando-se assim novas composições.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Conversas poéticas entre arte e bebês

Conversas poéticas entre arte e bebês foi o tema de um ciclo de palestras, vivências e apresentações culturais, ocorrida no CCSP em 2011, com foco na arte de, para e com bebês.

Os videos abaixo mostram um pouco como foram esses encontros, e trazem muitas ideias novas à educadores e pesquisadores que trabalham e se dedicam a esta faixa etária.

Há também um vídeo sobre os encontros realizados com a artista e educadora Anna Marie Holm, já citado neste blog pelo seu livro Baby Art.

Apesar de darem somente um gostinho de quero mais, acredito que esses vídeos sejam um material muito interessante e, a meu ver, bem importante.

A mostra


Conversas poéticas entre arte e bebês - a mostra from Web Radio TV CCSP on Vimeo.

Ciclo de palestras


Conversas poéticas entre arte e bebês - debates e palestra from Web Radio TV CCSP on Vimeo.

Workshops, vivências e oficinas


Conversas poéticas entre arte e bebês - workshop, vivência e oficina from Web Radio TV CCSP on Vimeo.

Espetáculos teatrais
 
Conversas poéticas entre arte e bebês - espetáculos teatrais from Web Radio TV CCSP on Vimeo.

Programação especial com Anna Marie Holm


Conversas poéticas entre arte e bebês - programação especial com Anna Marie Holm from webtvccsp on Vimeo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Pelas Pinturas de Leda Catunda - Atividade IV

Como última atividade relacionada à obra de Leda Catunda, as crianças pintaram sobre um tecido estampado.

Foram mostradas obras em que a pintura ou o desenho realizado sobre um tecido industrialmente estampado, estabeleciam algum tipo de relação com a estampa.


 Xica, a gata/Jonas, o gato, 1984, acrílica sobre pelo artificial e luz


 Roupas, 1990, acrílica sobre tecido

 Aquário Redondo, 1984, acrílica sobre plástico
Aquário, 1984, acrílica sobre tela e plástico

Também foi retomado o processo trabalhado na  Atividade I , em que a artista escondia/revelava partes das estampas, instigando nosso olhar.

Cada criança recebeu um pedaço de tricoline estampado. Foi o tecido com maior variedade de estampas e mais em conta que achei.

E enfim, eles pintaram com tinta acrílica sobre o tecido. Como esta tinta tem um cheiro muito forte, é importante que ela seja utilizada em um lugar aberto e ventilado.










As obras finais, podem ser vistas abaixo. Uma penas as fotos não terem ficado muito nítidas, mas é difícil lidar com a luz de ambientes improvisados!!

























































Como podemos perceber, houve de tudo nestes trabalhos. Pinturas inspiradas nas obras de Leda, pinturas em que houve o diálogo com as estampas dos tecidos e pinturas que somente tomaram o tecido como suporte.

Na hora da pintura houveram comentários em relação ao pintar sobre o tecido que, por ser um suporte "mole", causaria certa dificuldade, diferente de pintar sobre um papel canson por exemplo.

É deste tipo de descoberta e experiência que tentei priorizar durante todo este processo, embebidos pela obra de uma artista brasileira viva, como as crianças mesmo faziam questão de ressaltar.